A. Rita Amaral
RESUMO: A descida de Inanna é um mito sumério que tem sido interpretado de um ponto de vista junguiano como uma jornada da mulher rumo à sua totalidade ao confrontar a sua ombra. Este artigo aborda a sombra feminina, como tudo aquilo que foi reprimido e esquecido durante milênios de uma cultura patriarcal, e como isso tem impacto na psique das mulheres de hoje, que vivem afastadas de seus instintos e de seus ciclos. O contacto com este mito e com a face escura da deusa no contexto clínico, pode ajudar a mulher no seu caminho de individuação, em particular no enfrentamento e aceitação da sua sombra. Numa cultura em que as imagens do feminino representam, unilateralmente, apenas o lado “bonzinho e recatado” da mulher, o recurso à mitologia das deusas pré-helênicas, que representem todo o potencial feminino, na sua luz e na sua escuridão, torna-se essencial para o equilíbrio psíquico da mulher.
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