Mara N. Silva
RESUMO: As “marcações” que trazemos se materializam, nas lutas, na forma de ser e estar no mundo, pois nossa história não silencia e se articula com a história da sociedade na qual estamos inseridos. Manifesta-se em nosso fazer e pensar, em nosso trabalho. Trabalho que constrói obras, que indissocia processos, que atravessa autores, que constitui culturas e dá aos aglomerados uma feição de humano, estabelecendo os fios e construindo tecido que é coletivo e pessoal. É na perspectiva do trabalho enquanto criação, que me atrevo neste texto a trazer semelhanças entre Pablo Neruda e Carl Jung, mescladas com minhas memórias. Sem negar a existência de diferenças, recorto semelhanças, ligando, articulando, urdindo os fios e a melodia composta pelas múltiplas vozes.
Eu sou a dureza desses morros
revestidos,
enflorados,
lascados a machado,
lanhados, lacerados.
Queimados pelo fogo
Pastados
Calcinados
e renascidos.
(Cora Coralina)
Comentários